sexta-feira, 6 de maio de 2011

Estar apaixonado


O QUE chamamos de “estar apaixonado” é um estado glorioso e que em diversos sentidos é muito bom para nós. Ele nos torna mais generosos e corajosos, abrindo os nossos olhos não apenas para a beleza da amada, mas para todo tipo de beleza, subordinando nossa sexualidade animal (principalmente no começo); nesse sentido, o amor é o grande conquistador da luxúria. Ninguém em sã consciência negaria que estar apaixonado é bem melhor do que a sensualidade comum, ou o frio egocentrismo. Mas, como eu disse anteriormente, “a coisa mais perigosa que se pode fazer é apresentar um instinto qualquer da nossa própria natureza como se fosse algo que você tivesse que perseguir a todo custo”. Estar apaixonado é uma coisa boa, embora não seja a melhor de todas. Há muitas coisas abaixo disso, mas também existem coisas acima. Você não pode tornar isso a base de toda uma vida. Trata-se de um sentimento nobre, mas que não deixa de ser só um sentimento. Agora, não se pode esperar que nenhum sentimento dure para sempre em toda a sua intensidade, nem mesmo que dure. Conhecimentos, princípios e hábitos podem durar; porém os sentimentos vão e vêm. E, com certeza, não importa o que as pessoas digam, o fato é que a condição que chamamos de “estar apaixonado” não costuma durar muito tempo.

– de Mere Christianity [Cristianismo Puro e Simples]

Retirado de Um Ano com C. S. Lewis (Editora Ultimato, 2009)

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