sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O concílio de Jerusalém


Alguns do partido religioso dos fariseus que haviam crido disseram: "É necessário circuncidá-los e exigir deles que obedeçam à Lei de Moisés”. Os apóstolos e os presbíteros se reuniram para considerar essa questão. Atos 15.5-6

Supõe-se que os gentios convertidos eram incluídos na comunidade de Israel por meio da circuncisão. Porém, o que estava acontecendo era algo totalmente novo, algo que estava perturbando e até mesmo assustando a muitos. Os convertidos estavam sendo recebidos em comunhão pelo batismo, sem circuncisão. Devemos esclarecer o ponto em questão.

Um grupo formado pelos assim chamados “judaizantes” ou “partido da circuncisão” chegou a Antioquia, alegando ter autorização dos apóstolos e insistindo que, sem circuncisão não haveria salvação. Em outras palavras, a fé em Jesus não era suficiente; os convertidos deveriam acrescentar à sua fé a circuncisão. Deveriam deixar que Moisés completasse aquilo que Jesus havia iniciado e que a lei suplementasse o evangelho. Paulo ficou absolutamente transtornado com essa contradição ao evangelho.

Os crentes gentios eram membros de uma seita do judaísmo ou membros autênticos de uma família multirracial? Assim, foi convocado um concílio em Jerusalém, presidido por Tiago, irmão do Senhor. Primeiramente, o apóstolo Pedro relembrou ao concílio que, através de seu ministério, Cornélio e sua família haviam se convertido e recebido o Espírito, sem qualquer distinção. Em seguida, o concílio ouviu respeitosamente o relato de Paulo e Barnabé sobre sua viagem missionária, e por fim, Tiago fez uma citação do profeta Amós.

A combinação entre testemunho profético e experiência apostólica convenceu os membros do concílio. A conclusão a que chegaram foi que eles não deveriam colocar empecilhos aos gentios que estavam se convertendo a Deus, mas pediriam a eles que respeitassem os costumes judaicos e evitassem quatro práticas.

Há controvérsias quanto a essas práticas estarem relacionadas a aspectos morais ou culturais. Se considerarmos essas práticas morais, então o texto estaria de referindo a idolatria, assassinato e imoralidade, e omitindo a quarta (a carne de animais sacrificados), como faz o texto Ocidental. Esses, no entanto, são pecados tão graves que não seria necessário um decreto especial para proibi-los. Nesse caso, as práticas proibidas seriam culturais — comer carne sacrificada a ídolos, beber sangue, comer alimentos preparados em desacordo com a lei judaica e manter relações sexuais ilícitas (cf. Lv 17–18).

Três delas se referiam à dieta alimentar e poderiam causar constrangimento na mesa da comunhão entre judeus e gentios. Podemos então dizer que o concílio de Jerusalém garantiu uma vitória dupla: a vitória da verdade confirmando o evangelho da graça e a vitória do amor preservando a comunhão através de concessões aos escrúpulos judaicos.

Leitura recomendada: Atos 15.19-29

Retirada de A Bíblia Toda, o Ano Todo (Editora Ultimato, 2007).

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